* Em alusão ao poema de Mario de Andrade “Ode ao Burguês” (mantendo a cacofonia)
Nas passeatas de talvez um novo Brasil
De novos dias, claros com céu anil
O pensamento era um tanto vazio
Futebol, futebol, futebol…
Mas nesse caminho torto
Os jovens estavam passando
Muitos considerados como tontos
Coação, coação, coação…
Não é de surpreender
Que isso ia acontecer
Porém, estávamos questionando o poder
Coerção, coerção, coerção…
Gritávamos algo do tipo:
O Povo unido não precisa de partido!
Confundiram-nos com o vermelho comunismo e repetimos:
Anarquismo, anarquismo, anarquismo…
Depois voaram pedras
E voltaram tiros detrás
E alguns começaram a gritar:
É pra parar, é pra parar, é pra parar…
E ai tudo aconteceu
Ficamos surdos
Projeteis no céu
Não pare de correr, não pare de correr, não pare de correr…
Os prédios se curvaram sobre nós
E a chuva de estilhaços de vidro diante de nós
Uma nuvem espessa no luar, que me senti flutuar
Não coça o olho, não coça o olho, não coça o olho…
Bombas explodindo atrás de nós
Polícias ao nosso redor
Os PM’s dando cassete em nós
Não bate em nós, não bate em nós, não bate em nós…